Hoje, já faz mais de um mês q saí do hospital.
O retorno pra casa, por mais bacana q parecesse ser, teve um gosto de medo, de insegurança e apreensão. Eu estava acostumada com a atenção 24h das enfermeiras, da 'segurança' q o hospital me proporcionava, do conforto dos serviços de quarto e de refeições gostosinhas e a toda hora.
O retorno pra casa foi um inicio de uma nova adaptação.
Mas existe aquela historia verdadeira de q nos adaptamos a tudo, acredite, a tudo.
A minha vida, antes tão minha, tão reservada, se transformou, qdo cheguei no hospital, naquele sábado, na emergência, em uma vida exposta.
De um a hora pra outra todos sabiam de mim, dos meus medos, dos meus segredos, da minha intimidade... de mim.
Isso não é tão simples qto pareça ser...
Não, não é.
Enquanto estive internada, fui acompanhada por uma psicóloga, a Patricia Bader, q me auxiliou naquele momento tão diferente da minha vida. Era muito bom expor pra ela o q passava aqui dentro de mim, o q eu conseguia expor em palavras. Ainda não voltei a falar c ela depois q saí, ela está de férias.
Hoje eu enxergo a minha vida de uma forma bem diferente.
Vivo de uma forma bem diferente.
Muito estranho pq, por mais q pareça ser e continuar a ser a mesma coisa, não é.
Minha rotina diária é diferente. Hoje não convivo mais com o tumor q fazia parte da minha rotina e imagem. Algumas vezes, qdo me olho no espelho, e vejo como tudo mudou, ainda não acredito e parece q foi tudo muito simples e rápido. Parece até mesmo q, isso tudo q passei, passou num flash, num segundo, num abrir e fechar de olhos. Como um sono ao acordar. Acordei e estou aqui, assim, c esse pedaço de mim mesma no meu peito, em formato de coração. Antes, o coração era exposto, embora familiar, nem mais me assustava como deveria.
Há muitos fantasmas q preciso espantar. Há muitos pensamentos e lembranças q não são legais.
Não, não são.
Há relações de imagens q faço q me repulsam, um simples mamão papaia no café da manhã ainda é uma superação ao retirar suas sementes.
Hoje, eu sei q é preciso retirar essas sementes todas. Todas.
É preciso retirar esse coração exposto, tirar a sua sombra e iluminar o q sou agora.
Mostro meu peito pra quem quiser ver.
Veja!
Eu digo pra todos, olha só q legal como sou! Sou eu agora, sou eu c saúde, sou eu renascida.
Veja, por favor, veja!
Vc q me deu essa nova oportunidade, através do seu pensamento de força, de suas preces, do seu carinho e até de suas lágrimas.
Veja! vc me ajudou a ser e estar assim agora.
Olha só q bonito q ficou!
Sim, eu acho lindas a minhas cicatrizes do peito e da barriga. Através delas eu ganhei uma nova oportunidade. Elas são a marca de um virar de pagina, de um recomeço de mim comigo mesma.
Minha família, meus amigos, os médicos, enfermeiros, tanta gente eu queria agradecer...
Nunca vai ser o bastante, por mais q eu agradeça.
Tantos sofreram tanto por conta disso tudo... minha mãe, irmã, marido, sobrinha, prima, primos, tios, amigos...
Qta lembrança de lágrimas ainda terei q enxugar. Ah sim, isso ainda terei q fazer por essas pessoas q me querem tão bem e q fiz sofrer.
Mas... não vou e não posso ficar me lamuriando e torturando pelos meus erros. Tenho q olhar e focar pra frente. Fazer o q posso fazer, o melhor q eu puder.
E assim vou seguindo, passo a passo, dia a dia, desde todo esse relato do hospital.
É claro q há muito q passei q ainda pretendo contar.
Mas há tempo, hei de ter esse tempo. Deus me concedeu isso e serei eternamente grata.
Decifrar o objetivo é a minha meta.
Assim re-re-reinicio esse blog c uma nova roupagem, com uma nova vida.
Coisas da vida... q nem sempre são para ser entendidas, mas para serem vividas.
Seja sempre muito bem-vindo!