Receba meu abraço, cheio de energia bacana!

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6 de julho de 2011

Ei, Morte! Eu não te temo mais...

Sexta-feira, 13 de maio.
Acordei com a imagem de uma mancha de sangue na minha camiseta. Ao olhar pelo espelho me deparei c o quadro da realidade q estava se estampando na minha frente. A partir daquele momento tudo iria mudar na minha vida. Tudo q era preservado, minha imagem só minha, seria compartilhada. Era chegada a hora de dizer q o jogo de mim comigo mesma havia acabado e eu não conseguiria mais continuar sozinha, a partir daquele momento.
Durante o dia, minha cabeça ficou a mil. Tudo passava. Eu sabia q a coisa era séria, mas ainda assim, me faltava a coragem de expor tudo aquilo. Quando a noite chegou, eu sabia q aquela era uma última noite da vida q eu tinha, eu sabia q ao acordar, a cortina iria se abrir e la estaria eu, exposta, frágil, gritando por socorro.
E foi assim...
A noite passou quase q em branco, as dores aumentaram e era, portanto, chegada a hora de jogar a toalha, rendida por mim mesma, pelos artifícios q a vida arrumou para terminar c tudo aquilo.
Sim, eu estava c medo... eu estava em pânico. Eu sabia da gravidade, eu sentia um vento frio mórbido a me rondar. Eu chorava compulsivamente, eu precisava de ajuda, nada mais eu poderia fazer sozinha.
‘Cuidei’ de mim, sozinha, durante tanto tempo, mas eu não era mais capaz de nada.
Eu via o medo, a compaixão, a apreensão nos olhos do meu marido, da minha mãe e irmã.
Eu pensava, a caminho do hospital, de q adianta as coisas materiais, se não temos saúde?  
No pronto-socorro fui atendida imediatamente, obviamente. A médica q me atendeu, a dra. Ana Paula estava lá, na minha frente, aguardando. Eu ainda lutava contra tudo aquilo e ela aguardando o momento q eu desse o primeiro passo de me expor.
Meu Deus... como tudo aquilo foi difícil pra mim...
A sala de enfermaria parecia pequena diante de tanto medo, de tanta surpresa, de tanta dor. Eu sei q ela se assustou c o quadro q viu, eu sei... Ela saiu da sala bombardeando todos diante da situação q se deparou. Não era possível tudo aquilo. O quadro q ela vira era gravíssimo, talvez sem condições de cirurgia, de tratamento. Desnecessário eu dizer o estado q deixei minha família.
Incrível q, qdo me deitei na maca, eu estava entregue, à mercê da vida, de Deus. A morte não me assustava tanto qto um dia eu imaginei. Parece q, ao estar ali, dentro de um hospital, eu não seria mais a condutora do meu destino.
Nada do q ela dizia era novidade pra mim, eu estava ciente do meu quadro.
Ok... não adiantava ficar ali julgando meus atos, minhas falhas, meus segredos, precisavam começar a cuidar de mim. E aquilo tb não foi fácil. As dores eram quase q insuportáveis, eu gritava de dor, implorava por sedativo, por analgésico, q não faziam efeito algum. No eco dos meus gritos, o choro da minha irmã, la fora, gritando a sua dor...
Eu ficaria internada, aguardando os médicos q ela haveria de convocar. Enquanto isso, diante de um quadro de anemia profunda, eu ‘tomaria’ sangue para me fortalecer.
Meu medo de injeções e agulha já não existia mais. O q são picadas diante de tudo aquilo? Não são nada.
Tomando medicação pela veia, já feita a assepcia e o curativo fui para a enfermaria conjunta do pronto-socorro, aguardar a internação.
Eu olhava em volta e tudo parecia ter uma outra roupagem. Eu já estava calma, resignada, pronta para o q viesse. Eu percebia em volta de mim pessoas q me amavam, q sentiam medo do meu estado e eu tentava acalmá-las. Eu já estava bem. Qualquer q fosse q o resultado dos exames, eu aceitaria, sem problemas e... até sem medos.
Parecia q eu havia chegado no limite de tudo, q eu havia me deparado c a morte, olhado de frente pra ela, encarado e não havia visto monstro algum.
Não, eu não estava mais c medo.
Eu sabia q eu estava começando uma jornada nova e aquilo não me assustava nem um pouco.
Hoje, ao relembrar todo o turbilhão daquele sábado, penso no medo, nas suas faces. O medo é uma sensação muito frágil. Basta enfrentá-lo q ele enfraquece e desaparece.
Fico pensando de onde tirei as forças q já me mantinham serena.
Hoje tenho certeza q essa força veio da bagagem de tudo q tenho aprendido com a Doutrina Espirita.
Essa força veio da minha fé e confiança em Deus.
E hoje eu sei q, turbilhões existem, de várias potências em nossa vida e não temos como fugir deles, temos q enfrentá-los, é fato.
Mas... é fato tb q, enfrentar o turbilhão com fé, faz c q esse peso fique mais leve, mais sustentável.

O Sol – Jota Quest


Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...


E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou... (2x)


Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais


E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou...

Um comentário:

kathia disse...

Diante de todo este relato, posso te afirmar que, pelos fatos narrados, de tudo o q aconteceu, pra vc foi bom, pq o seu problema se resolveu e vc perdeu o medo da morte. Hoje, graças a Deus, tudo está bem, resolvido de forma satisfatória pra todos. Agradeço a Deus, do fundo do meu coração, esse final maravilhoso. Mas, pode ter certeza que esse dia 14 de maio de 2011 foi um dos piores dias da minha vida, de 47 anos. Não foi o pior, pq o pior sempre está ligado a morte e, graças a Deus, não foi o caso. Espero q a partir de agora, tudo se modifique na sua vida e, vc possa cuidar desse envoltório, que lhe foi emprestado e, não fazer mais com que as pessoas q gostam de vc sofram da maneira q nós sofremos naquele dia e em todos os outros que antecederam aquele, pois sabíamos q vc vivia com uma bomba relógio marcada para estourar, mas sem prazo definido e apontada para sua cabeça. Graças a Deus, Ele virou essa bomba para outro lado e, não fez com que não acertasse seu alvo. Obrigada meu Deus. E agora, vida nova, e muito tempo para aproveitarmos dela. Beijos.