Receba meu abraço, cheio de energia bacana!

Receba meu abraço, cheio de energia bacana!

24 de julho de 2011

Passado confuso

Meus dias não eram bons. 
Minha rotina tinha cuidados, limitações e preocupações constantes. Meu guarda roupa lotado não tinha serventia de quase nada. Cada dia q passava, a evolução daquilo q não era meu era visível e notório. Eu ficava sempre em alerta, esperando o momento do socorro a mim mesma. O dormir era uma preocupação, o acordar uma espera de alguma surpresa. Meu banho tinha o tempo reservado para a higienização daquilo q já fazia parte do meu corpo e q eu não queria ter. Não, eu não queria q aquilo existisse. Ele existia e crescia por força própria e  do ponto em q estava, eu já estava rendida, eu não sentia força alguma ou nem mesmo podia mais imaginar a minha vida sem aquilo. Na minha cabeça passava a minha imagem velhinha com aquilo. Mas era uma ilusão. Cada época uma surpresa, um medo. Meu corpo parecia expelir um aviso de alerta máximo, q eu ouvia... eu ouvia...
Eu pedia pra Deus tirar aquilo de mim, eu pedia pra minha fé, q me ajudasse. Mas... o q eles poderiam fazer diante daquilo se eu não procurava ajuda? Nada, eles não podiam fazer nada...
Engano meu, engano seu...
Eles podiam e fizeram.
Trabalharam da forma mais amorosa e respeitosa, eles respeitaram a minha vontade de permanecer inerte a tudo aquilo. Não me julgaram, nem colocaram senãos... Me protegeram dentro de mim, foi um pacto deles, dos meus protetores e de Deus, com o meu corpo. Pacto secreto, nem mesmo eu sabia e, principalmente, eu não deveria saber.
Como tudo teria sido diferente se eu soubesse de tudo aquilo... q eu estava ‘segura’, q eu não tinha um câncer agressivo e sem cura como eu acreditava ter.
Não! Não, mil vezes não! Aquilo era feio, ô se era, mas não era minha sentença de morte. Mas eu já havia me julgado e me condenado a morte. Eu estava naquele corredor estreito, cheio de medos, sangrando, chorando em silencio, sozinha... vivia aquele mundo só meu a espera do suspiro final.
Sim, eu achava q iria morrer daquilo e... não sei o tanto q me assustava, pq eu não ficava pensando nisso. Sabia em silêncio, como q em segredo de mim mesma. Era o meu segredo meu, comigo, q nem mesmo eu poderia saber. 
Confuso, muito confuso tudo... tudo... 
Até mesmo essa minha tentativa de explicar esse antes é confusa.
Por mais q as pessoas falassem, me alertassem, só servia pra eu ficar enfurecida. Como se elas tivessem descoberto um segredo só meu e quisessem me expor pro mundo! ‘Ei, me deixem, eu lido c isso, eu sei lidar c isso...’
Mas Deus, meus protetores e meu corpo estavam em trabalho árduo constante. Eram eles q agiam na luta q eu não fui. Ele fortaleciam meus anti-corpos, eles me mantinham em pé.
Meu corpo já estava frágil, sem brilho, quase sem força e a única coisa q parecia crescer e se fortalecer era aquilo q não era meu.
Até o dia final, a batalha final. Eles fizeram a parte deles até e principalmente no dia final, na tal sexta-feira 13. O resultado da intimação veio naquele dia, mas o processo, eu não sei qdo começou. Não importa o inicio, o fim... Aquilo tomou vida monstruosa e deu o ‘start’ pra jornada rumo à verdade, ao tratamento, ao hospital.
E assim foi...
Não podemos perder a fé, em momento algum, não!!!!! Vc vê... até mesmo qdo tudo parece, na sua aparência real, perdido... lá dentro, da forma q tem q ser, há quem cuida de nós, em segredo. Há!!!! Há e há! Isso é fato!
Termino esse relato meio confuso c um pensamento, q serve pra esse momento atual do relato, retirado de um trecho do livro "Alimente seus deuses e demônios" de Tsultrim Allione:
"Trazer a sombra à consciência reduz o poder destrutivo que ela pode ter e libera a energia armazenada por ela. Ao nos tornarmos amigos daquilo que mais nos assusta, encontramos nossa própria sabedoria."
 Nota: Importante explicar, pra quem não sabe, q meu corpo formou uma cicatriz de proteção entre o tumor e o osso q me protegeu pontualmente. Tanto q, ao ser retirado, foi retirado total, com margem, sem raizes. Isso é Deus!
 

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