Receba meu abraço, cheio de energia bacana!

Receba meu abraço, cheio de energia bacana!

1 de maio de 2017

Vida que segue...

Interessante rever essa última postagem, que foi lembrada naquelas lembranças que o Facebook nos traz.
Quanto tempo passou!
Muitas coisas mudaram muito, muitas estão como estão e é assim a vida e o tempo. Vai passando e seguindo seu curso, como um rio que serpenteia nosso destino.
Já já estaremos completando 6 anos desse 'acontecido' na minha vida.
Já escrevi um livro sobre isso, já finalizei, mas ainda tenho a sensação de que não escrevi tudo e a vontade de continua-lo, de edita-lo, de acrescentar o que não foi dito. Daí o tempo passa e a vida segue e não faço nada em relação a isso.
Algo que me chamou a atenção do ultimo relato, há 4 anos atrás, foi que disse: 'ainda sinto saudades daqueles dias no hospital. Parece estranho, não? Parece, sim.
Mas para mim não é, não. E, na verdade, é isso que importa, me desculpe, leitor (se existe algum...)
Escrevo para mim...
Mas sinto, sim. Pois deu tudo certo! Até mesmo o que quase deu errado (se é que teve isso, assim...).
Apesar que, algumas vezes, o Gerson comenta que, ao chegar, uma tarde la no hospital, para passar a noite comigo, passou na recepção da enfermagem e se atualizou dos fatos. Notou que o infectologista (um que veio substituir as férias do dr. (esqueci o nome, acho que Marcos, que estava me acompanhando - adorava ele, era muito sincero, preocupado e atencioso), havia retirado meus antibióticos. Ele achou estranho isso e, na sua humilde ignorância medicinal, preferiu comentar e avisar ao meu médico.
Nooossa... quando o dr Mario soube disso, ficou bastante nervoso e preocupado, pois o meu curativo não estava com aspecto bom!
Afffffffff....
Pra ser sincera, não tinha ido com a cara do tal infectologista substituto, gordinho e careca, que passava automaticamente no meu quarto, como que cumprindo um ritual mecânico, sem ao menos me examinar.
Mas passou e deu tudo certo. Mas poderia não ter dado, poderia ter colocado tudo a perder, todo um bom trabalho!
Lembro-me da comida boa, contrariando todas as teses de 'comer mal' em hospital. Cardápio variadíssimo e com qualidade. Eu não cansava de postar no Facebook, relatar minha rotina alimentícia e botar inveja em muita gente... hahahaha.
E assim passaram os dias!
Lembro-me  sempre daqueles dias, que estarão marcados no meu corpo e mente, para sempre.
E não lembro com asco, imagine... Salvou a minha vida, lembra? Então... como ter asco disso ou não ter como lembrança boa?
Pois é...
Tanta gente que entra no hospital e não sai... ou fica sem previsão de sair... (estou com uma amiga assim lá, em um... em coma há mais de 5 meses, sei la... )
Eu entrei e saí bem! Que ótimo ter isso para relembrar!

14 de maio de 2013

2 anos pra mim!

Tentei levar minha memória aos momentos q antecederam tudo q passei. Afinal hoje está fazendo 2 anos q eu estava a caminho do hospital, cheia de medos e sem plano algum. Na minha mente havia apenas um ponto, o final. Era ali q tudo acabava, era ali q eu pedia as contas.
Na verdade, era ali q eu pagava as contas.
A conta de tudo o q fiz a mim mesma, era o momento de pagar. Era trazida pelo destino totalmente previsível e o pagamento era à vista, total, sem parcelas e sem pré-datar. O momento era chegado de abrir pro mundo o meu mundo só meu, meus medos, minas inseguranças, minhas loucuras insanas.
Há dois exatos anos, o pico da minha vida se formava. O muro, o divisor das aguas se erguia, mostrando pra mim mesma q tudo tem o seu apogeu. Esse apogeu pode ser o inicio, o recomeço ou o fim. O inicio de muita coisa, recomeço tb e fim de muitas outras.
Era eu comigo mesma q estava ali.
Hoje, novamente comemoro pq consegui transpor esse muro tão alto, consegui passar por ele com medos mil, mas consegui. Hoje estou em festa comigo novamente, com a vida e com o mundo.
Feliz aniver para mim, novamente, q eu seja muito feliz, q eu tenha muita saúde e muita vida.
Tudo está bem, até o q não está, está no seu lugar, no lugar q tem q estar.
Q bom q tudo passou há 2 anos atrás.
Ainda sinto saudade do hospital, daqueles dias tão reparadores para o meu corpo e alma.
Coisas malucas q nem sempre podemos explicar, nem sempre podemos explicar tudo nessa vida louca e linda.
Parabéns para mim e q eu tenha muitos anos de vida pela frente.
Sempre em frente!

10 de maio de 2013

Oração ao tempo...

Fazia bastante tempo q eu não falava com essa minha amiga, uns 6 meses, mais...
Cliente q virou amiga e q eu gosto tanto. Da ultima vez q nos falamos, o marido dela estava doente, câncer nas veias do fígado, algo assim grave. A rotina dela era hospital, quimio, correria c o filhinho de 7 anos e o trabalho na marcenaria.
Daí juntou a minha correria daqui e o tempo q vai passando. Dia ou outro eu lembrava dela e falava pro Gerson q ele deveria ligar pra ela, pra saber do Fiore, pq eu achava q ele não estava bem. Ele chegou a ligar algumas vezes, mas ela não atendeu.
Daí passou e eu ouvi um recado na secretária eletrônica, dizendo q ela me ligaria no dia seguinte.
Ontem ela me ligou, Eliete. Arquiteta, se formou na mesma faculdade q eu, mas entrou qdo eu saí e nessas coincidências da vida, eu passei a prestar serviço de projetos para sua marcenaria. Durante anos fiz isso, talvez uns 12. Assim como há 10 anos tivemos 'juntas' a síndrome do pânico.
Perguntei contente como ela estava, q eu estava c saudade, qto tempo! A sua voz não precisou dizer tudo. Em janeiro, o Fiore faleceu, infelizmente. Noticia triste, puxa vida...
Q barra... deixou o filhinho de 7 anos c perguntas doídas de 'quais foram as ultimas palavras do papai...'
Difícil encontrar palavras para tentar amenizar uma dor tão forte. É não existe nada q amenize, além do tempo q faz esse papel.
Eles demoraram para ter o filho, estavam juntos há tanto tempo e trabalhavam juntos, eram super companheiros. Gente boa pra caramba, os dois!
Daí eu penso novamente no tempo...
Qto tempo cada um tem, cada um o seu. Cada um q aproveite o seu, da forma q tem, q pode. Q faça o  q puder fazer com quem está, com quem ama, com quem pode, com o tempo q tem... Q cada um encontre o tempo para lembrar, para viver, para compartilhar, para sorrir, para sonhar e fazer planos. Q cada um encontre tempo para realizar os sonhos e planos.
Não sei se todos conseguem com o tempo q têm. Não sei se todos têm o tempo q querem...
"Tempo, tempo, tempo... és um dos deuses mais lindos...
Tempo, tempo, tempo, tempo...
vou te fazer um pedido,
Tempo, tempo, tempo, tempo..."

2 de agosto de 2012

Tempo, tempo, tempo...

O dia-a-dia anda muito corrido ultimamente. O trabalho aumentou de uma forma tamanha e diferenciado, como em nenhum outro momento. É um momento muito bom, daquele q fez parte de meus planos há bastante tempo. A responsabilidade também aumentou. Tenho um lado crítico e perfeccionista muito forte e isso me faz, algumas vezes, ficar ansiosa, stressada, nervosa. Exijo de mim bem mais q meus clientes.
Isso tudo começa comigo. Cobro primeiro de mim. Tenho intenção de fazer tudo certo, tudo correto, mas nem sempre sai tudo como quero... nem sempre tudo depende de mim e mesmo se dependesse, não dá pra ser A perfeita, não dá!
Depender de mão-de-obra, de terceiros, é bem difícil. Com todo esse tempo de experiência, vou moldando uma equipe q trilha um caminho retilíneo, mas, ainda assim, há falhas e isso é um peso pra mim...
Meu dia tem sido uma soma de telefonemas, emails, visitas, saídas, projetos, cobranças, respostas, perguntas... quase um turbilhão de informações.
Daí q não tenho visto o por do sol...
Daí q não tenho ido ao Meimei... minha tarefa ta tão abandonada.. e tem feito muita falta pra mim, de doer  mesmo...
Daí q não tenho assistido ao House... nem sei o q se passa na Fazenda...
Daí q não tenho feito as unhas...
Não estou reclamando, embora pareça estar, mas estou sentindo falta de coisas simples. E, se estou sentindo falta, é q são importantes...
As horas passam e, qdo vejo, passou o dia, acabou mais um e não dei nem os parabéns pra minha amiga q fez aniver hoje...esqueci!
Esqueci por falta de tempo em lembrar...
Diante desse desabafo e reflexão, concluo q algo q está exagerado e preciso otimizar e reorganizar esse meu tempo.


31 de julho de 2012

"Me ame quando eu menos merecer..."

Foi no momento em q eu menos mereci, q eu mais precisei de amor e de compreensão.
Eu não precisava de julgamentos, não precisava de entendimentos... mesmo pq... quem é q poderia me entender? Será q eu mesma me entendia?
Não sei...
Há tantas perguntas q não tenho as respostas...ainda há tantas...
Ainda terão tantas q eu não responderei, q eu não quero responder. E eu sei q existem essas tantas perguntas até hoje. Até hoje ainda...
Mas não passo minhas horas e meus dias pensando em perguntas e respostas diante de tudo aquilo, de todos aqueles anos, de todo o durante e o depois, não!
Em alguns momentos algumas lembranças me invadem de uma forma muito estranha. Tenho 'falhas' de memória de algumas cenas. Eu confesso q gostaria de poder lembrar de cada segundo, de cada cena, de cada pessoa, de cada palavra de médico, de enfermeira, de amigo, de família... de tudo... mas tenho 'falhas'.
Vira e mexe me pego perguntando pras pessoas como foi isso ou aquilo. Numa tentativa de manter viva a ocasião do meu renascer.
Talvez só eu entenda essa ocasião pq, embora não aparente, tudo mudou na minha vida. Tenho a audácia de dizer tudo pq aquilo era um gigante tão assustador e presente, durante tantos anos, q a libertação de suas garras me fez ter uma nova e diferente vida.
'Ah...mas vc faz as mesmas coisas...'
'Ah, mas vc não mudou nada do seu jeito...'
Ah... mas vc continua trabalhando igual... tendo praticamente a mesma rotina...'
NÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Tudo mudou! Pra mim, tudo mudou...
Meus pensamentos, preocupações, as 'minhas' coisas 'minhas' (e isso não é pleonasmo e tão pouco essa coisas poderiam ser minhas) mudaram. E é disso q falo... o eu comigo mesma...
Parece 'viagem' de papo cabeça esse texto com aparência desconexa, mas é tão claro pra mim, quase transparente. E só não é transparente total pq nem tudo eu sei... nem tudo eu entendo...
Mas no momento em q eu precisei realmente, eu encontrei o porto seguro do amor da minha família, q não tem preço... dos meus amigos.
Eu encontrei o apoio e atenção dos funcionários daquele hospital, desde a faxineira, q ia la todos os dias lavar o banheiro e limpar o quarto (além de ouvir comigo a historia da carta no rádio), até a lagrima de emoção do meu querido médico ao ler pra mim o resultado do exame anatomopatológico, diagnosticando a ausência de celulas cancerígenas nas margens de segurança do tumor q foi retirado de mim. Esse ser viveu essa emoção boa comigo, como em parceria, torcendo por mim.
Quanta gente torceu por mim...
Qta gente me amou...
E eu sei... diante de tudo o q eu fiz eles passarem... eu não sei se merecia tanta dedicação e desprendimento...


15 de maio de 2012

Um ano em fotos

No ano passado, o Dia das Mães caiu no dia 08/11, domingo anterior ao sábado, qdo fui para o hospital, em estado de emergência.
Almocei na casa da minha mãe, com minha mãe, irmã, sobrinha/afilhada e meus primos.
Tiramos essa foto, minha sobrinha e eu, ganhei um presentinho, lembrancinha gostosinha q ela sempre me dá nos dias das mães, como madrinha dedicada q sou. (heheheh)
Essa foto mostra nitidamente o estado em q eu me encontrava: a cor da pele, dos olhos, a magreza, os cabelos. Embora fosse um dia como tantos outros para a ciência e convivência do meu problema secreto.
Essa foto mostra o antes, há exato 1 ano atrás...

Daí passou toda a história de internação, preparação para a cirurgia, depois de uns 3 dias, até eu me fortificar, 'tomar' sangue, reunir a equipe médica, 'projetar' as soluções, colocá-la em prática no processo cirúrgico, a recuperação, a espera para q a minha pele efetivamente fosse aderida por mim mesma, para a torcida de q tudo aquilo não infeccionasse, q desse certo afinal!!!!!!!!!!!
Depois de quase 1 mês, já em casa, eu não podia perder o aniver da minha amada afilhadinha, o médico me autorizou a ir à festinha e aí estou eu ao lado da minha irmã:


Minha cor já era outra, minha pele, minha sede de vida era gigantesca, a vontade de recomeçar era brutal. Meus cabelos já não caíam mais, na raiz havia uma camada de cabelos novos, como um sub pelo, q já forrava toda a minha cabeça.
Daí achei estranho e decidi cortar minhas madeixas velhas, como dando lugar ao novo, dentro e fora da minha cabeça.
Cortei meus cabelos, q tinham outra textura, era tudo novo, nessa foto, minha amada sobrinha comemorando comigo, num churrasco q minha querida prima me homenageou, como uma festa para comemorar o meu recomeço. Ainda dá pra ver a ponta do curativo por baixo da camiseta.

Daí passou todo o ano, com toda a bagagem do ano, com trabalho, com rotinas, com dia-a-dia, com vida normal.
E, finalmente, domingo, dia 13 de maio, Dia das Mães, novamente minha afilhadinha me presenteou com sua lembrancinha de carinho tradicional, novamente almoçamos na casa da minha mãe e estou aqui, com a minha vida normal, algo simples, mas tão sonhado por tantos anos.

14 de maio de 2012

Feliz Aniversário

Ao escrever esse título: Feliz Aniversário, pensei no verdadeiro significado dessa expressão.
Q seja feliz esse aniversário, q seja feliz por mais esse ano...
Q seja feliz!
Sim... Feliz Aniversário com todas as letras, com todas as possibilidades, com todas as esperanças, com toda a fé, com todo o amor, com toda a VIDA!
Feliz Aniversário pra mim!
Obrigada, Deus.
Ao Senhor, agradeço imensamente, infinitamente por essa nova chance.
Ao meu médico, dr. José Mario Camelo Nunes, eu agradeço pela coragem do 'projeto', pela competência, pela força brutal q me deu nessa nova etapa da minha vida. Minha eterna gratidão e reverência.
Ao Hospital São Luiz...
À toda aquela equipe q me atendeu no dia em q cheguei ao pronto-socorro, à dra. Ana Paula, a médica q me recepcionou diante do meu terror, q compartilhou comigo a minha dor, q me atendeu... q cuidou de mim... q eu assustei tanto. Sim, eu a assustei muito... a reação dela foi só uma reação à tudo aquilo q ela viu...
Ao meu marido, à minha mãe, à minha irmã, minha sogra, meu cunhado, minha prima, minha sobrinha, meus primos, tias, madrinha, meus amigos... E cada um sabe quem é...
Meu Deus... qta gente eu tenho a agradecer...
Pela força, pelas orações, por estarem ao meu lado segurando a minha mão, da forma q dava... fisicamente, virtualmente ou só em pensamento...
Faz um ano hoje q cheguei naquele hospital apavorada e dei de cara com a imagem mórbida de mim mesma, dei de cara, verdadeiramente, c o q fiz de mim.
Mas essa página deu lugar a tantas outras no decorrer deste ano q passou.
Estou aqui, feliz em poder olhar pra trás e ver um passado q pôde passar... e essa é a melhor parte, ter certeza de q o passado passou...
Feliz Aniversário pra mim, nesse primeiro ano dessa nova vida.
Feliz Aniversário pra mim por poder desfrutar disso tudo com naturalidade e com a certeza de q é preciso dar o passo da modificação, da melhora e esse passo ninguém dá por nós. Ninguém... tudo conspira a favor qdo vc tem vontade de mudar e dá o passo.
Confesso q foi difícil, muito difícil o passo do compartilhamento, da exposição do meu problema, foi sim...tão difícil qto o problema em si. Mas o respirar aliviado q vem depois, vale a pena.
Esse suspiro de alivio, de 'ufa... passou' é bom demais!
Feliz Aniversário pra mim...

29 de abril de 2012

Remédio pra dor...

Essa noite q passou, eu acordei com cólica e fui até a cozinha tomar Buscopan. Imediatamente, me lembrei de, há cerca de 1 ano atrás, eu tomando Buscopan, paracetamol e qqer coisa q eu tivesse para tentar conter as minhas dores.
As dores eram quase insuportáveis e eu já nem mais sabia a dose e nem qdo fora a ultima vez da última dose, eu precisava conter aquela dor. A noite parecia sem fim e eu sabia q o acordar seria muito difícil. Como algo pudesse ser mais difícil do q o momento todo em si. Tudo aquilo q eu vivia estava sendo difícil, no limite do suportável. Eu me olhava no espelho e a imagem q estava ali refletida era tão assombrosa q me amedrontava ainda mais.
‘O q fazer, meu Deus, o q fazer?’ Eu me olhava em desespero, em silêncio, em busca de uma resposta e solução mágica, como q um ‘click’ q pudesse conter o percurso q minha vida tomava. O destino era o abismo e isso eu sabia...
A madrugada corria, as dores não me deixavam esquecer, nem por um minuto, do q eu teria q fazer no dia seguinte. Eu sei q pode parecer muito simples tudo isso pra quem está lendo esse meu relato, até mesmo absurdo eu passar por tudo isso, por todo esse terror, em silêncio e sozinha.
‘Como assim? Vc não contou nada pra ninguém?’
'Ninguém percebia ou sabia o q vc tinha, ninguém via?’
'Como vc conseguiu esconder?'
Qtas e qtas perguntas eu já ouvi e não tive as respostas. Nem mesmo hoje eu as tenho.
Não era mais momento para questionamentos, não era mais momento para nada, além de pedir ajuda e ir correndo para um hospital. Eu estava no limite. Meu corpo dava afinal o seu ultimo grito e eu teria q ouvir, a qualquer custo.
Não sei mensurar o preço, mas eu tinha q pagar por isso, de qualquer forma: com medo, com lagrimas, arrependimentos, traumas, culpas... de qualquer forma.
Hoje, olhando lá nesse passado tão próximo (um ano quase...), me parece tudo muito simples... Me parece simples tudo o q passei, o depois. Obviamente q não me refiro aos momentos só meus, não me refiro do contar pro mundo, nem mesmo da sala de enfermaria do pronto-socorro, nem mesmo dos momentos de terror c as enfermeiras antes da cirurgia... eu me refiro ao depois.
Hoje, eu me olho no espelho e a imagem é belíssima. A minha cicatriz é tão grande qto a minha satisfação em estar bem, ao meu alivio de estar tudo ok. E daí q a minha cicatriz é grande, e daí?
Ainda lembrarei c todos os detalhes q a minha memória permitir daqueles antes, durantes e depois... daquele todo, daquilo tudo. Não há como esquecer... o gosto do Buscopan na madrugada ainda tem gosto de terror. Porém, a melhor parte é saber q é só uma lembrança de uma página marcada nesse livro da minha vida e não  a minha vida... Como um filme, como um sonho pesadelo, uma passagem.
E a vida é isso mesmo, um conjunto disso tudo q faz ser o q sou, essa é a minha bagagem q carrego da forma q é necessário, colhendo exatamente aquilo q plantei. Erros e acertos, tudo isso é necessário e só faz sentido qdo a consequência é o aprendizado.

27 de setembro de 2011

Vida Melhor!


Minha vida está muito melhor!
Agora, novamente, eu tenho, verdadeiramente, uma vida normal.
Eu durmo um sono normal. Não há suores e nem insônia.
Eu acordo normalmente, sem pulos e sem surpresas.
Eu visto as roupas q eu quero, na hora q eu quero. Não há mais as preocupações com aparência e nem com higienização de algo q não era meu, q não poderia fazer parte de mim, mas q esteve comigo durante tanto tempo...
Por mais passado q isso seja, é necessário q eu me lembre, q eu me faça lembrar de q isso não era meu, definitivamente, NÃO ERA!
Ganhei bastante peso, meu corpo magérrimo, sem massa muscular, quase pele sobre osso, já é um corpo normal. 10kg pode parecer muito em 4 meses, mas nem parece tanto, de tanto q eu estava magra.
Meus cabelos... ah meus cabelos, qta diferença!!!!!! Minha cabeça já está toda coberta de cabelos, muitos, com muita força. Ainda ta meio estranho, não posso negar, ele cresceu diferente, com outra textura, mas cresceu forte! Agora vou cortar de novo e, quem sabe, as coisas se normalizem na minha cabeça. Mas está muito bom assim, não estou reclamando, não! Eu estava c muito poucos cabelos...meu couro cabeludo estava sempre aparente, cabelos ralos, fracos, sem vida, sem brilho... Eu costumo dizer q eu parecia uma caveira de filme de terror...aquelas q aparecem c cabelos ralos. Há uma foto q vou publicar aqui, de 1 semana antes do dia fatídico rumo ao hospital.
Engraçado q eu não me via assim... Nem mesmo meu marido via assim. A gente se acostuma c a aparência q estamos e não temos a real consciência do q está acontecendo.
Eu estava c a pele amarelada, pálida... quase cadavérica...
Mas a minha vida está mil vezes melhor. Em tudo! Estou à vontade aonde quer q eu esteja. Em mim, não existe mais aquela preocupação com a bomba relógio, c a panela de pressão a estourar a qqer instante.
Quando me perguntam como estou, eu respondo q estou ótima, totalmente recuperada e respondo com sinceridade, com a boca cheia de alegria de vida.
É muito bom poder fazer coisas corriqueiras, normais, como qqer pessoa faz. Eu não tinha essa vida normal... paciência... não tinha... no passado, durante tanto tempo...
Deixei de aproveitar muita coisa? Sim, deixei, mas tive esse acréscimo, foi concedida uma moratória a mim q eu tenho que ter eterna gratidão. Não houve julgamento, houve misericórdia, e eu tenho q agradecer, eu tenho q reparar. Principalmente reparar, para poder realmente ser merecedora de tanta benção q é estar viva e poder aproveitar essa vida!

4 de setembro de 2011

Exemplos

Não posso ser exemplo em um monte de coisa. Ninguém, absolutamente ninguém pode fazer o q eu fiz comigo mesma. Eu estava com algo simples e, apesar de orientação médica, na época do meu casamento (veja só, na época do meu casamento, em 92!!!!!), eu deixei pra lá! Não fui consultar um médico especialista pra algo inofensivo e recente. Uma simples pinta esquisita! Mas ela não me incomodava, não era nada pra mim. Não incomodava a minha aparência e estava tudo ok.
O tempo vai passando, os focos ficam voltados pro trabalho, pra correria e muitas vezes negligenciamos o nosso corpo e a nossa saúde. Eu fiz isso! Qtas e qtas vezes negligenciei a mim mesma por conta de clientes e trabalho. E o tempo vai passando, não há dor, não há incomodo e a mensagem q fica é: está tudo bem!
E chegamos nesse ano, um ano cheio de mudanças no meu corpo físico. Os sintomas eram inúmeros: febre noturna, emagrecimento sem pq, grande queda de cabelo, fadiga intensa, palpitações, falta de cor na pele, unhas quebradiças, febre e acho q ‘só’... Daí vc vai lá no dr. Goggle e ele te informa muitas coisas e também STRESS.
Associei o meu momento de problemas no trabalho a isso. Realmente passei uma fasesinha crítica com cliente, com sócia, com empreiteiro q me deixaram com os nervos a flor da pele, a ponto de um ataque. Mas virei essa página e achei q a partir de então as coisas c a minha saúde iriam melhorar. Comecei a me auto-medicar para aliviar os sintomas de febre e a tomar vitaminas para me fortalecer. Aquilo q era nada virou algo gigante. É claro q isso não virou de uma hora pra outra, o tempo foi colocando o seu aumento, mas nos últimos meses a coisa desandou. Só q aí eu já achava q a viola estava em caco. Eu já achava q a coisa era irreversível, q não haveria mais nenhuma possibilidade de fazer algo e então passei a conviver c aquilo como algo q eu teria a minha vida sempre. Eu tinha inúmeras limitações diárias e passei a me adaptar a tudo aquilo. Algumas roupas, ir à praia, piscina eram coisas q eu já abrira mão. Paciência, nem tudo eu teria...
E não era por falta de conselhos e palavras. O Gerson já estava cansado de tanto falar q eu deveria ver aquilo, minha mãe e irmã idem, mas eu me enfurecia c tudo isso, eu achava q eles não deveriam se meter na minha vida, aquilo era algo só meu. Ele profetizava q, um dia, eu ainda iria colocar todo mundo em pânico por conta da minha falta de cuidado comigo mesma.
E eu não dava explicações a ninguém, desconversava acidamente e apenas eu sabia os meus ‘porquês’. Medo, eu já tinha medo daquilo, mas era um medo silencioso e respeitoso, tipo: fica aí na sua, não me pregue peças! Mas aquilo me pregava peças, sempre. Era uma caixa de surpresas q não vou relatar aqui. Até o dia em q a caixa de surpresas se abriu totalmente, me ofuscando a vista e me trazendo pro mundo da realidade.
Sexta-feira, 13... de maio. Eu sempre enfatizo sexta-feira 13 por ser realmente uma analogia a um filme de terror. Foi um dia de terror pra mim, só pra mim, naquele dia. Eu passei um dia aparentemente normal, embora a panela de pressão estivesse a ponto de explodir, eu trabalhei normalmente, eu fiz tudo normalmente, mas sabia q do sábado não poderia passar. Eu fiquei naquela sexta-feira 13 em choque, mas só eu sabia, mais ninguém. Aquilo era sufocante e eu era só medo. Medo do amanhã, medo daquilo e principalmente, medo para contar pro meu marido, expor o q ninguém sabia e via. Contei mais ou menos pra uma amiga do centro, a Katia e ela não tinha como me ajudar, pq contei superficialmente, ela apenas disse q eu deveria contar ao Gerson. Eu não sabia como, eu tinha medo, eu tinha pavor.
De noite, eu entrei no site da CVV (Centro de Valorização da Vida) e fiz uma consulta online. A pessoa q me atendeu soube em detalhes o q eu estava passando e só de falar pra alguém aquilo já aliviou.
No dia seguinte, era o dia D e a coisa deveria acontecer logo de uma vez. Mas ensaiei várias vezes pra falar c meu marido até q as dores já estavam ficando fortes demais e pronto, chamei ele pra uma conversa. Ele, ao vir, já sabia do q se tratava... A primeira coisa q eu pedi pra ele, antes de começar o meu relato, foi: ‘por favor, não me julgue’. Pedi ajuda e ele, prontamente ajudou. Ligou pra minha irmã e começou a resolver os detalhes práticos. Disse pra eu já levar uma malinha de roupas pq, certamente, eu ficaria internada, diante de tudo q eu relatei. Eu chorava compulsivamente. Naquele momento, toda a minha amada família já fazia parte do meu drama. Mobilizei e apavorei a todos. Minha sogra me ligou pra me desejar boa sorte, me dizer coisas boas, mas eu estava em choque e em pânico e ela só fazia chorar comigo a minha dor e a dizer o tanto q ela torcia por mim, o tanto q eu era querida.
A caminho da casa da minha mãe, o Gerson e eu dentro do nosso carrão novo e recente. Pra q servia tudo aquilo? De q servia um carrão novo se eu não tinha saúde? De q vale tudo isso se a gente não tem o principal? Ele mantinha a sua força a me suportar, a alicerçar o q eu era naquele momento: farrapo. Cheguei na casa da minha mãe e a minha irmã já estava lá me aguardando para irmos todos ao pronto-socorro do hospital SãoLuiz. Enquanto o Gerson resolvia assuntos burocráticos e práticos eu estava lá na sala aos prantos, apavorada com o meu destino. Desnecessário relatar o estado emocional da minha mãe e irmã, q procuravam se manter serenas. Minha mãe foi pedir auxílio pra tia Marlene, para q ela viesse até mim, me aplicar um passe, tentar me acalmar. Ela prontamente veio, me abraçou e com seu amor e fé e jorrou energias q foram como bálsamos e eu me acalmei. Fomos então para o hospital e lá eu passei na frente de todo mundo para ser atendida emergencialmente. E foi todo aquele terror q eu já relatei.
Exemplos?
Talvez de fé... eu tive fé, sim! Eu ajoelhei em frente a Nossa Senhora Aparecida e pedi a sua luz. Eu pedia, sem parar, pro Dr. Eduardo Monteiro (mentor e médico espiritual) pra me ajudar. Eu pedia pra Deus me amparar e acreditava q eles eram capazes disso.
Talvez de resignação. Qdo eu vi q mais nada eu poderia fazer, diante de tudo, eu me entreguei sem lastimar, sem culpas, sem traumas. Façam o q for preciso! Eu topo ir adiante da maneira q for! Meu médico me deu outras opções de soluções q seriam bem invasivas e esteticamente chocantes, mas ele só saberia mesmo diante do q ele visse na sala de cirurgia. Faça o q for preciso! Eu não tinha escolhas!!!!!
Força? Eu procurei me manter forte, sim... na maioria do tempo e das situações. Confesso q tive momentos de muita angustia e dor, mas eu procurava deixar esses momentos só pra mim. Já bastava o q fiz c a minha família até então...
Aceitação... eu me aceitei em todos os momentos, até mesmo no mais apavorante, não abri mão de mim, apesar das minhas atitudes ou não atitudes, dos meus erros.
E não vou e não posso me condenar... não... não agora em q tudo se abriu novamente para mim...
Aquilo q era uma brecha se transformou numa janela gigante, numa oportunidade infinita de reparação.
Virei ‘a perfeita’ depois de tudo isso? Hahahaha... obviamente q não. Mas eu adquiri aquele ponto de alarme da consciência q apita cada vez q faço algo q não é legal. Falta muito ainda pra eu acertar... mesmo ouvindo o apito, eu ainda tropeço e isso me traz mais responsabilidades.
Uma coisa eu tenho a dizer: minha vida está mais leve, mais cheia de vida e de possibilidades e isso me dá uma força incrível!!!!!!!
Outra coisa eu tenho a dizer: deliciosa a sensação e o saber de ser bem querida.
Agradecer e agradecer... é o q eu tenho feito a todo instante...
Talvez gratidão tb seja um exemplo...

22 de agosto de 2011

Imagens do que passou

Hoje fui ao médico, como tenho feito desde q recebi alta do hospital. Minhas cicatrizes estão bem, mas será necessário acompanhamento mensal durante mais um ano, praticamente. Ele me disse q o risco por ter sido um carcinoma não existe mais naquele local, q o tumor foi retirado completo, com margem, como atesta o laudo anatopotalógico.
Após me examinar, ele orientou que devo continuar com as placas de silicone, para evitar crescimento de quelóides e vermelhões. Eu havia parado, por minha conta. Senti coceira e resolvi não usar mais. Aff... ok...eu volto. Realmente, com as placas, as cicatrizes ficavam nitidamente mais lisinhas, mas eu achava q minha pele não respirava, etc e tal. Voltarei a usá-las, portanto. Ele disse tb q posso expor minha pele ao sol, com proteção 60, com placa ou não. 
Saímos da sala de exames e fomos pra sala dele. Gerson e eu estávamos comentando sobre a conta que o Hospital São Luiz me mandou para pagar, de produtos usados durante a cirurgia, os importados. Ele então me mostrou o tal Evicel, q é um produto q é pulverizado no corpo q está sendo operado e serve como uma cola de tecido humana. Eu já tinha visto pela internet, qdo recebi o tal boleto. Ele me mostrou o vídeo de qdo ele usou isso, durante a minha cirurgia. Aí começou a sessão cinema/consultório. Ele deixou meia luz para assistirmos melhor e tudo começou.
A cirurgia em filme. Eu me vi ali, inerte, sendo tratada, sendo consertado aquilo q eu estraguei em mim. E ele começou a me mostrar todos os arquivos de fotos q ele tinha, na minha pasta, em seu computador.
Ele é professor e eu autorizei essas fotos, lá mesmo no hospital, assinei, c testemunhas e tudo.
Cada procedimento q ele faz, desde q o conheci, lá no hospital, ele registra em sua máquina. Portanto...ele tem foto de tudo!!!
E começou a sessão de terror ao ver as fotos de qdo cheguei naquele hospital. Em um momento, eu disse: ‘não é possível q era eu, como pode ter acontecido isso?’
As lágrimas caiam uma a uma, rapidamente, minha voz embargava e eu não acreditava na monstruosidade da situação q eu sustentei durante anos.
Ele disse q eu, naquela época, não tinha a noção da imagem, ao me ver refletida no espelho, exclamou isso como uma atitude do ser humano.
Meu Deus... Meus Deus...
Só Deus mesmo pra ter me protegido de mim mesma, pra ter me protegido daquilo.
Eu vi as fotos da equipe q me socorreu, da sala de cirurgia, todos. Qtas bênçãos devo direcionar a essas pessoas, lá de dentro, assim como a retaguarda, lá fora, a sofrer, rezar e torcer por mim. Desnecessário dizer sobre a equipe espiritual q acredito estar auxiliando em tudo.
As imagens eram impressionantes a ponto de impressionar a mim mesma, q convivi c aquilo q não era meu por anos e anos...
Dantesco é uma palavra q cai bem pra definir tudo aquilo, aquele corpo disforme, necrosado e infectado.
Uns fios q eu via na foto do exame agora eu sei q foram os fios q fizeram o tumor ser tracionado para fora. E a cicatriz de proteção? Minha mãe! Ela não era sutil, era enorme, grande, protetora, era uma forração entre o tumor e o meu tórax. E ali, entre tudo aquilo sendo retirado e o meu corpo um vaso sanguineo, o q alimentava tudo aquilo. Ele me sugava com canudinho.
Me desculpe se esse relato lhe parece chocante, me desculpe. Saiba q esse relato é bem superficial diante da atrocidade q fiz comigo mesma.
Como diz meu querido médico: “Passou, passado!”
Alimentar culpas e dores não me levam a nada.
Saí de lá, um tanto impressionada, fazia tempo q eu não lembrava tão fortemente de tudo aquilo q passei há pouco mais de 3 meses.
Abracei o dr. José Mario e disse q ele está sempre nas minhas preces. Ele disse q somos ´sócios’, temos em sociedade algo só nosso. Ele me disse muitas verdades, qdo me deu alta, e disse q ele poderia dizer tudo aquilo, só ele poderia, por ele ter consertado algo q eu estraguei. Mas não me disse apontando o dedo do julgamento, disse para me impulsionar praquela nova vida q ele estava me liberando, através da sua assinatura na alta médica.
Dr. José Mário Camelo Nunes, esse competente ser humano, a minha sempre gratidão e o meu carinho de paciente obediente.

14 de agosto de 2011

Gratidão

Muitas vezes, enquanto estive internada no hospital, me senti triste. Sentia solidão, medo, saudade, ansiedade, apreensão, insegurança. O tempo lá, passava de outra forma, era tudo diferente, a minha vida, durante aqueles 18 dias, era muito diferente e estranha.
É certo q o ser humano tem uma capacidade incrível de se adaptar a praticamente tudo. Eu é q digo isso! Eu própria me adaptei com aquele corpo estranho em mim, crescendo, crescendo e crescendo. A adaptação é fenomenal. Num dia, vc acha q o mundo se abriu a seus pés, no outro, vc consegue colocar um apoio capenga e aprimora esse apoio q de capenga se torna ‘vivível’. E assim os dias passam e vc nem se lembra do dia q o mundo se abriu aos seus pés.
Diversas vezes, durante o imenso período em q eu tinha aquilo q não era meu, eu passei por momentos dantescos, dramáticos e apavorantes. Nem tudo vou detalhar, me preservo o direito de não contar algumas coisas, q vou deixar q o Universo pulverize isso pra mim. Mas asseguro q passei por momentos dramáticos e só meus. Só meus. Eu só repartia essas coisas com o espelho refletindo a minha imagem e a imagem do q eu era, naquele momento. Nem sempre as imagens não eram assustadoras. Eu vivia um filme de terror sem fim, com momentos amenizados pela acomodação e adaptação.
Sim, é terrível, mas são imagens q, aos poucos, estão sendo diluídas, jogadas pro mundo em forma do q for, para serem transformadas, para serem esquecidas.
Sim, eu aprendi c tudo isso, claro. Essa lição eu não posso esquecer, eu não seria justa com o mundo se eu não aprendesse com tudo isso.
Lá no hospital, eu não pensava nos meus erros, eu vivia de uma forma ‘recomeçante’, cheia de planos para qdo eu saísse de lá. Eu não tinha concentração. Por exemplo, um livro, dos vários q me emprestaram, eu não os lia nenhum. Minha cabeça estava sempre cheia de pensamentos e eu passava muito tempo no facebook, na internet. Eu relatava meus dias, eu conversava c meus amigos e familia, eu recebia suas vibrações e isso me fazia muito bem.
Já contei o tanto q foi importante pra mim as vibrações das pessoas q me queriam bem, foi providencial para minha sustenção e recuperação. Eu sentia nitidamente o carinho e a força q me emanavam.
Mas, ainda assim, havia momentos em q eu não era toda força, eu não era toda coragem. Foram poucas as vezes, isso é muito bom, mas existiram essas vezes. Não dava pra segurar a peteca sempre no ar, não dava... e então eu me recolhia dentro de mim mesma, dos meus pensamentos, das minhas culpas e medos.
Certo dia, sem internet, comecei a mexer nos arquivos de fotos do notebook da Paty, a minha sobrinha linda, q me emprestou seu ‘brinquedinho’. Eu estava num desses dias, c a energia baixa, tristinha, e só via fotos de peixe, fotos tiradas do seu celular num aquário de alguma cidade. De repente, como uma palma de mão a me tocar, eu vejo a foto do meu pai sorrindo de um jeito q eu não lembrava mais. Aquilo foi como um turbo num coração quietinho, cheio de dor. As minhas lágrimas eram de tanta emoção e saudade q eu agradeci muito a ele. Muito. Ele transformou aquele dia sem cor, dentro daquele quarto frio de hospital em um lar, uma brisa aconchegante, de afeto e renovação.
Pai, como vc me fez sentir melhor. Como vc me ensinou, naquele dia...
Aonde quer q vc esteja, vc sempre será o meu pai, aquele q me ama, q me ajuda, q me perdoa.
Hoje, nesse Dia dos Pais, eu te desejo tudo o q for bom, as mais belas energias  e vibrações. 
Q vc esteja bem.
Sinta o meu abraço, o meu amor de filha, a minha gratidão.
Essa é a foto q mudou o meu momento:

6 de agosto de 2011

Amizades e Certezas

Não há como ter certeza sobre quem gosta ou não de vc. Claro q, existem muitos sinais, algumas evidências, mas certeza mesmo, não há.
Algumas vezes, a pessoa te surpreende c uma palavra, um telefonema, uma visita, um email, uma mensagem. Muitas vezes é alguém q vc não via, nem falava há muito tempo. Alguém aparentemente ‘esquecida’ no passado. Ou alguém aparentemente 'estranho'. Aparentemente. Aí é uma surpresa bacana, algo leve e gostoso, se sentir lembrado e querido, na proporção q se deve ter, de acordo c cada situação.
Outras vezes, a pessoa te surpreende c uma ausência, c o não telefonema, a não visita, o não email e a não mensagem. Pessoa q vc via, q vc falava, há muito tempo q sumiu, evaporou. Aí vc fica se questionando aonde pode ter errado, até encontra erros, pq ninguém é de ferro, todo mundo comete algum. Aí, nesse mesmo raciocínio vc é ‘obrigado’ a perdoar, a esquecer a deixar pra lá essa situação. Se vc erra, todos erram... logo...
Em outras situações, existem aquelas q vc não vê muito, não, e qdo vê... hum... sei lá... parece q não existe amizade assim tão forte, existe alguma relação q pode ser de trabalho ou algo igualmente formal, mas vc não vê como amizade. E aí a pessoa te surpreende c uma preocupação, c palavras... Em alguns casos, vc chega até a questionar: será q é verdade?
É muito complicado essa questão de julgar e de definir. Eu deixo pro ‘sentir’, mas ele pode me trair.
A situação da ausência acaba virando aquela história de pessoas q se afastaram e vc não sabe nem pq e nem qdo. Qdo vê, passaram-se anos e vc nunca mais viu e nem falou c seu suposto amigo. Não sabe de seus motivos, de sua vida, assim como ele não sabe dos seus. Passam-se dias, semanas, meses, anos... passa-se uma amizade.
E aí, o q refletir sobre isso?
Pegando essa bagagem disso tudo q passei recentemente, do meu ‘quase fim’, devo concluir q não temos tempo! Não temos tempo! – repito. A vida é muito rápida, o tempo passa muito rápido. A vida pode acabar já já, hoje ainda. Pode ser amanhã, depois.... não sabemos qdo, portanto, não temos tempo sobrando.
Se tem dúvida, pergunte.
Se tem algo a dizer, diga.
Se tem algo a reclamar, reclame.
Não deixe pra depois, não crie mágoas e nem fantasmas
Não invista  em amizade e atenção, esperando o seu retorno.
Ninguém age e pensa como vc pensa e age.
Muitas vezes o peso da coisa é mais leve do q parece. E a ‘coisa’ pode ser tanta coisa...
Podem até ser coisas...
Coisas da vida!

25 de julho de 2011

Oração que funciona

Era assim q a minha sobrinha amada e querida rezava pra mim, la na casa dela. Suas preces chegavam até mim, através da sua fé, pureza e amor em forma de bálsamo. 
Qdo fui internada, ela ficou na casa da Ana, minha prima, e lá fizeram um 'móbile' com origamis de passarinhos da saúde. Eu pendurei esse amuleto de luz no 'poste' do soro. Não tinha um q entrasse no meu quarto e não via aquele mimo e sorria. Eu dei um toque pessoal àquele quarto de hospital e mesmo qdo mudei de quarto, pedi pro enfermeiro gordinho levar meus enfeites.
Eu, nos meus momentos de dor interior, aquela dor silenciosa só minha e dos meu pensamentos, eu olhava pros pássaros c a frase 'eu te amo', eu olhava para o coração de papel, c sua letrinha de menininha e para a Nossa Senhora Aparecida q ela me deu e q ficava em cima do pote, na parede, de álcool gel e me fortalecia. A força era brutal. 
O amor puro dessa criatura tão amada q faz parte da minha caminhada me ajudou muito.
É assim q uma prece funciona, c entrega, c amor e sinceridade.
Eu tenho muito a agradecer a ela.
Q Deus ampare esse ser de luz, a minha Paty amada, q conduza seus passos no caminho do amor, do bem.
Ela já é isso tudo!

24 de julho de 2011

Passado confuso

Meus dias não eram bons. 
Minha rotina tinha cuidados, limitações e preocupações constantes. Meu guarda roupa lotado não tinha serventia de quase nada. Cada dia q passava, a evolução daquilo q não era meu era visível e notório. Eu ficava sempre em alerta, esperando o momento do socorro a mim mesma. O dormir era uma preocupação, o acordar uma espera de alguma surpresa. Meu banho tinha o tempo reservado para a higienização daquilo q já fazia parte do meu corpo e q eu não queria ter. Não, eu não queria q aquilo existisse. Ele existia e crescia por força própria e  do ponto em q estava, eu já estava rendida, eu não sentia força alguma ou nem mesmo podia mais imaginar a minha vida sem aquilo. Na minha cabeça passava a minha imagem velhinha com aquilo. Mas era uma ilusão. Cada época uma surpresa, um medo. Meu corpo parecia expelir um aviso de alerta máximo, q eu ouvia... eu ouvia...
Eu pedia pra Deus tirar aquilo de mim, eu pedia pra minha fé, q me ajudasse. Mas... o q eles poderiam fazer diante daquilo se eu não procurava ajuda? Nada, eles não podiam fazer nada...
Engano meu, engano seu...
Eles podiam e fizeram.
Trabalharam da forma mais amorosa e respeitosa, eles respeitaram a minha vontade de permanecer inerte a tudo aquilo. Não me julgaram, nem colocaram senãos... Me protegeram dentro de mim, foi um pacto deles, dos meus protetores e de Deus, com o meu corpo. Pacto secreto, nem mesmo eu sabia e, principalmente, eu não deveria saber.
Como tudo teria sido diferente se eu soubesse de tudo aquilo... q eu estava ‘segura’, q eu não tinha um câncer agressivo e sem cura como eu acreditava ter.
Não! Não, mil vezes não! Aquilo era feio, ô se era, mas não era minha sentença de morte. Mas eu já havia me julgado e me condenado a morte. Eu estava naquele corredor estreito, cheio de medos, sangrando, chorando em silencio, sozinha... vivia aquele mundo só meu a espera do suspiro final.
Sim, eu achava q iria morrer daquilo e... não sei o tanto q me assustava, pq eu não ficava pensando nisso. Sabia em silêncio, como q em segredo de mim mesma. Era o meu segredo meu, comigo, q nem mesmo eu poderia saber. 
Confuso, muito confuso tudo... tudo... 
Até mesmo essa minha tentativa de explicar esse antes é confusa.
Por mais q as pessoas falassem, me alertassem, só servia pra eu ficar enfurecida. Como se elas tivessem descoberto um segredo só meu e quisessem me expor pro mundo! ‘Ei, me deixem, eu lido c isso, eu sei lidar c isso...’
Mas Deus, meus protetores e meu corpo estavam em trabalho árduo constante. Eram eles q agiam na luta q eu não fui. Ele fortaleciam meus anti-corpos, eles me mantinham em pé.
Meu corpo já estava frágil, sem brilho, quase sem força e a única coisa q parecia crescer e se fortalecer era aquilo q não era meu.
Até o dia final, a batalha final. Eles fizeram a parte deles até e principalmente no dia final, na tal sexta-feira 13. O resultado da intimação veio naquele dia, mas o processo, eu não sei qdo começou. Não importa o inicio, o fim... Aquilo tomou vida monstruosa e deu o ‘start’ pra jornada rumo à verdade, ao tratamento, ao hospital.
E assim foi...
Não podemos perder a fé, em momento algum, não!!!!! Vc vê... até mesmo qdo tudo parece, na sua aparência real, perdido... lá dentro, da forma q tem q ser, há quem cuida de nós, em segredo. Há!!!! Há e há! Isso é fato!
Termino esse relato meio confuso c um pensamento, q serve pra esse momento atual do relato, retirado de um trecho do livro "Alimente seus deuses e demônios" de Tsultrim Allione:
"Trazer a sombra à consciência reduz o poder destrutivo que ela pode ter e libera a energia armazenada por ela. Ao nos tornarmos amigos daquilo que mais nos assusta, encontramos nossa própria sabedoria."
 Nota: Importante explicar, pra quem não sabe, q meu corpo formou uma cicatriz de proteção entre o tumor e o osso q me protegeu pontualmente. Tanto q, ao ser retirado, foi retirado total, com margem, sem raizes. Isso é Deus!
 

18 de julho de 2011

Vaidade?

Sempre fui vaidosa, desde menina. Tenho o hábito, desde cedo tb, de passar cremes variados: creme de rosto, de corpo, de pés, de mãos. E assim foi sempre, mesmo qdo meu corpo já apresentava aquilo q não era meu e qdo meu corpo passou a ser só meu. Ainda assim, meus hábitos de beleza não cessaram.
No sábado, depois do meu banho, mesmo sabendo q aquele dia seria um dia divisor de águas, mesmo estando num estado emocional abaladíssimo, ainda assim, não deixei de hidratar meu corpo. Mesmo sabendo q eu estava indo para o hospital, eu não deixei de escolher uma roupa q eu gostasse, não deixei de secar meus cabelos e de me olhar no espelho pra ver se tava bom.
Vaidade, isso eu chamo de vaidade...
E aonde estava a minha vaidade qdo entrei naquela sala de enfermaria, me despi e mostrei pro mundo o q havia de errado comigo? Pra onde ela foi?
Pra médica q me atendeu, a dra. Ana Paula, eu não tinha vaidade alguma. Eu não tinha auto-estima alguma.
Como é q ela poderia entender essa situação tão paradoxal? Como?
Meu quadro psíquico foi dado como psicótica e todos q vinham falar comigo, me conhecer, descobriam q não era bem assim. A psicológa, depois q conversou comigo várias vezes, q me conheceu, não colocou no relatório conclusivo q meu quadro era psicótico.
Mas e aí?
Com explicar tudo isso? Como explicar essa preocupação q eu tinha comigo mesma, em todos os sentidos, na aparência e no geral, mas, ainda assim, eu não tinha procurado ajuda antes? E o antes não é pouco tempo, é muito, mas muito antes...
Não, eu não tenho essas respostas e não sei exatamente se as quero ter. No momento, não quero respostas, não me preocupam as respostas e nem mesmo as explicações q procuram tirar de mim. Não quero dar explicações, nem satisfações. Eu não as tenho!!!!!
Ao ser internada, acabou.
Ao entrar no quarto do hospital reservado para mim, minha vaidade ficou de lado. Não dava mais pra me preocupar c cremes, nem c secar os cabelos (eu não podia nem lavar os cabelos!), nem em depilação, nem c uma roupa bonitinha. Vesti a ‘bata’ do hospital tamanho único e pronto.
Era eu assim a partir daquele momento.
Meus cabelos passaram a embaraçar por ficar só deitada e minha mãe providenciou 2 ‘maria chiquinhas’. Eles são oleosos e então vc pode imaginar a situação depois de 10 dias sem lavá-los. O médico não permitiu após a cirurgia, poderia molhar o curativo. Troquei, depois de um tempo as ‘maria chiquinhas’ por 2 trancinhas, pra amenizar a situação lastimável.
Eu precisei usar meias para ajudar na circulação das pernas, pq eu fiquei imóvel, sem poder me mexer, por alguns dias. Não me incomodavam as pernas sem depilação. Nem mesmo as unhas sem fazer.
Cada médico q entrava e queria me examinar me via despida de vergonhas q jã não existiam mais naquele quarto de hospital. Não há mais como vc sentir isso, qdo está lá, a mercê da vida, de enfermeiros, de médicos.
Não perdi minha vaidade no hospital, não foi isso. Mas ela não ocupou um lugar de destaque na minha rotina.
A conclusão q eu chego é q me adaptei a tudo aquilo. Q deixei o barco seguir conforme a correnteza o levasse.
E talvez por isso tudo pareceu ser mais simples. Por mais complicado, grave e dramático q tudo pudesse acontecer, a maneira c q eu me comportei, com q eu aceitei tudo, sem revoltas, sem traumas facilitou muito.
A isso eu chamo de resignação.
E me agrada interpretar dessa forma.

13 de julho de 2011

As mudanças em mim

Eu percebia mudanças no meu corpo q não eram boas.
Embora a visão, já familiar, da imagem refletida no espelho fosse a certeza de q não, eu não estava bem. 
Não vou ficar aqui procurando explicações, porquês ou justificativas pra q tudo chegasse aonde chegou, sem q eu houvesse tomado alguma atitude. Nem tenho essas respostas, posso ter negações e até mesmo desculpas.
A mudança da minha cor, eu me encontrava pálida, sem brilho, sem cor. Eu me olhava no espelho c mais zoom e não via vermelhos na minha pele, nem mesmo dentro dos olhos e nem da boca.
A mudança de peso, eu percebia minhas calças largas, meu corpo magro. Eu olhava no espelho e via uma imagem sem excesso de nada, além daquilo q não era meu. Braços finos, pernas finas... cheguei a 47 kg e eu pesava 53kg.
A mudança nos meus cabelos, eles estavam sem vida, sem brilho, caindo. Me assustava c as falhas q aumentavam dia-a-dia. Mas o zoom do espelho fazia c q eu acreditasse q eles estavam caindo, sim, mas q estavam nascendo novos tb. Mas era desproporcional.
Essas mudanças eu atribuía ao stress, problemas graves de trabalho q eu estava passando.
Fazia pesquisas na internet e as respostas q eu tinha eram as q eu queria ler, as q meus olhos olhavam: stress, esse era o diagnóstico. Nada como uma reposição de vitaminas para resolver.
As vitaminas eram tomadas e talvez por isso, meus cabelos não caíram todos.
Eu tinha bastante apetite e eu comia muito, muito. Parecia q qto mais eu comia, mais eu sentia vontade de comer. A surpresa era eu não engordar...
Em certas épocas, eu acordava ensopada, c a roupa encharcada de suor. O corpo todo suado, inteiro, tudo suava. Eu chegava a trocar de roupas mais de uma vez por noite.
A internet tb dizia o q eu queria ler: stress.
Outras épocas, febre. Alta, baixa... mas o q eu queria ler na internet é q no final do dia o corpo realmente fica mais quente, até febril.
Sim, eu só lia o q eu queria ler. Qualquer outra informação q aparecesse, eu ignorava. Havia tireóide, anemia, tumor e muitas outras coisas q poderiam levar aos meus sintomas, mas eu só lia: stress.
Hoje eu sei q esse ‘stress’ tinha o nome de tumor, carcinoma ou qqer outra palavra. Era ele q consumia minhas vitaminas, minha energia, minha vida. A anemia profunda tb, por ela e c ela.
Hoje, depois de tudo, da cirurgia, etc, já estou diferente. Lá mesmo no hospital, após tomar 4 ‘sacos’ de sangue, mudei de cor. Já tenho vermelhos pelo corpo ao apertar. Meus olhos e boca já tem os vasinhos nos cantos. Mudei de cor. Meus cabelos estão crescendo muito, tenho uma camada no couro q eu não tinha e já está todo coberto. O corte curto foi para igualar essa situação. Hoje estou pesando 55 kg, minhas roupas servem todas.
Ao me olhar no espelho, me sinto outra. No lugar do q não era meu, uma cicatriz em forma de coração. Grande, sim, ela é grande. Assim como é grande a minha satisfação de encará-la como a minha cura e renascimento. Não me incomoda mais a cicatriz, como no começo, q eu não conseguia nem olhar. Hoje olho c sorriso no rosto.
Me alegro c a imagem q vejo refletida no espelho. 
Me alegra saber q tive essa nova oportunidade. 
Mas eu sei q isso tudo ter acontecido assim, da forma q foi, aumentou a minha responsabilidade pra muita coisa.
Entendo q não posso mudar de um dia pra outro as minhas atitudes, mas é preciso enxergá-las como erradas e tentar modificá-las, nem q seja numa próxima vez, é necessário.
E eu preciso mudar
Há muito o q mudar em mim, dentro de mim: pensamentos e atitudes
As mudanças não podem ser apenas estéticas, de jeito nenhum.
Mas tenho consciência q para caminhar é preciso um passo de cada vez.

6 de julho de 2011

Ei, Morte! Eu não te temo mais...

Sexta-feira, 13 de maio.
Acordei com a imagem de uma mancha de sangue na minha camiseta. Ao olhar pelo espelho me deparei c o quadro da realidade q estava se estampando na minha frente. A partir daquele momento tudo iria mudar na minha vida. Tudo q era preservado, minha imagem só minha, seria compartilhada. Era chegada a hora de dizer q o jogo de mim comigo mesma havia acabado e eu não conseguiria mais continuar sozinha, a partir daquele momento.
Durante o dia, minha cabeça ficou a mil. Tudo passava. Eu sabia q a coisa era séria, mas ainda assim, me faltava a coragem de expor tudo aquilo. Quando a noite chegou, eu sabia q aquela era uma última noite da vida q eu tinha, eu sabia q ao acordar, a cortina iria se abrir e la estaria eu, exposta, frágil, gritando por socorro.
E foi assim...
A noite passou quase q em branco, as dores aumentaram e era, portanto, chegada a hora de jogar a toalha, rendida por mim mesma, pelos artifícios q a vida arrumou para terminar c tudo aquilo.
Sim, eu estava c medo... eu estava em pânico. Eu sabia da gravidade, eu sentia um vento frio mórbido a me rondar. Eu chorava compulsivamente, eu precisava de ajuda, nada mais eu poderia fazer sozinha.
‘Cuidei’ de mim, sozinha, durante tanto tempo, mas eu não era mais capaz de nada.
Eu via o medo, a compaixão, a apreensão nos olhos do meu marido, da minha mãe e irmã.
Eu pensava, a caminho do hospital, de q adianta as coisas materiais, se não temos saúde?  
No pronto-socorro fui atendida imediatamente, obviamente. A médica q me atendeu, a dra. Ana Paula estava lá, na minha frente, aguardando. Eu ainda lutava contra tudo aquilo e ela aguardando o momento q eu desse o primeiro passo de me expor.
Meu Deus... como tudo aquilo foi difícil pra mim...
A sala de enfermaria parecia pequena diante de tanto medo, de tanta surpresa, de tanta dor. Eu sei q ela se assustou c o quadro q viu, eu sei... Ela saiu da sala bombardeando todos diante da situação q se deparou. Não era possível tudo aquilo. O quadro q ela vira era gravíssimo, talvez sem condições de cirurgia, de tratamento. Desnecessário eu dizer o estado q deixei minha família.
Incrível q, qdo me deitei na maca, eu estava entregue, à mercê da vida, de Deus. A morte não me assustava tanto qto um dia eu imaginei. Parece q, ao estar ali, dentro de um hospital, eu não seria mais a condutora do meu destino.
Nada do q ela dizia era novidade pra mim, eu estava ciente do meu quadro.
Ok... não adiantava ficar ali julgando meus atos, minhas falhas, meus segredos, precisavam começar a cuidar de mim. E aquilo tb não foi fácil. As dores eram quase q insuportáveis, eu gritava de dor, implorava por sedativo, por analgésico, q não faziam efeito algum. No eco dos meus gritos, o choro da minha irmã, la fora, gritando a sua dor...
Eu ficaria internada, aguardando os médicos q ela haveria de convocar. Enquanto isso, diante de um quadro de anemia profunda, eu ‘tomaria’ sangue para me fortalecer.
Meu medo de injeções e agulha já não existia mais. O q são picadas diante de tudo aquilo? Não são nada.
Tomando medicação pela veia, já feita a assepcia e o curativo fui para a enfermaria conjunta do pronto-socorro, aguardar a internação.
Eu olhava em volta e tudo parecia ter uma outra roupagem. Eu já estava calma, resignada, pronta para o q viesse. Eu percebia em volta de mim pessoas q me amavam, q sentiam medo do meu estado e eu tentava acalmá-las. Eu já estava bem. Qualquer q fosse q o resultado dos exames, eu aceitaria, sem problemas e... até sem medos.
Parecia q eu havia chegado no limite de tudo, q eu havia me deparado c a morte, olhado de frente pra ela, encarado e não havia visto monstro algum.
Não, eu não estava mais c medo.
Eu sabia q eu estava começando uma jornada nova e aquilo não me assustava nem um pouco.
Hoje, ao relembrar todo o turbilhão daquele sábado, penso no medo, nas suas faces. O medo é uma sensação muito frágil. Basta enfrentá-lo q ele enfraquece e desaparece.
Fico pensando de onde tirei as forças q já me mantinham serena.
Hoje tenho certeza q essa força veio da bagagem de tudo q tenho aprendido com a Doutrina Espirita.
Essa força veio da minha fé e confiança em Deus.
E hoje eu sei q, turbilhões existem, de várias potências em nossa vida e não temos como fugir deles, temos q enfrentá-los, é fato.
Mas... é fato tb q, enfrentar o turbilhão com fé, faz c q esse peso fique mais leve, mais sustentável.

O Sol – Jota Quest


Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...


E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou... (2x)


Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais


E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou...

4 de julho de 2011

Hoje

Hoje, já faz mais de um mês q saí do hospital.
O retorno pra casa, por mais bacana q parecesse ser, teve um gosto de medo, de insegurança e apreensão. Eu estava acostumada com a atenção 24h das enfermeiras, da 'segurança' q o hospital me proporcionava, do conforto dos serviços de quarto e de refeições gostosinhas e a toda hora.
O retorno pra casa foi um inicio de uma nova adaptação.
Mas existe aquela historia verdadeira de q nos adaptamos a tudo, acredite, a tudo.
A minha vida, antes tão minha, tão reservada, se transformou, qdo cheguei no hospital, naquele sábado, na emergência, em uma vida exposta.
De um a hora pra outra todos sabiam de mim, dos meus medos, dos meus segredos, da minha intimidade... de mim.
Isso não é tão simples qto pareça ser...
Não, não é.
Enquanto estive internada, fui acompanhada por uma psicóloga, a Patricia Bader, q me auxiliou naquele momento tão diferente da minha vida. Era muito bom expor pra ela o q passava aqui dentro de mim, o q eu conseguia expor em palavras. Ainda não voltei a falar c ela depois q saí, ela está de férias.
Hoje eu enxergo a minha vida de uma forma bem diferente.
Vivo de uma forma bem diferente.
Muito estranho pq, por mais q pareça ser e continuar a ser a mesma coisa, não é.
Minha rotina diária é diferente. Hoje não convivo mais com o tumor q fazia parte da minha rotina e imagem. Algumas vezes, qdo me olho no espelho, e vejo como tudo mudou, ainda não acredito e parece q foi tudo muito simples e rápido. Parece até mesmo q, isso tudo q passei, passou num flash, num segundo, num abrir e fechar de olhos. Como um sono ao acordar. Acordei e estou aqui, assim, c esse pedaço de mim mesma no meu peito, em formato de coração. Antes, o coração era exposto, embora familiar, nem mais me assustava como deveria.
Há muitos fantasmas q preciso espantar. Há muitos pensamentos e lembranças q não são legais.
Não, não são.
Há relações de imagens q faço q me repulsam, um simples mamão papaia no café da manhã ainda é uma superação ao retirar suas sementes.
Hoje, eu sei q é preciso retirar essas sementes todas. Todas.
É preciso retirar esse coração exposto, tirar a sua sombra e iluminar o q sou agora.
Mostro meu peito pra quem quiser ver.
Veja!
Eu digo pra todos, olha só q legal como sou! Sou eu agora, sou eu c saúde, sou eu renascida.
Veja, por favor, veja! 
Vc q me deu essa nova oportunidade, através do seu pensamento de força, de suas preces, do seu carinho e até de suas lágrimas.
Veja! vc me ajudou a ser e estar assim agora.
Olha só q bonito q ficou!
Sim, eu acho lindas a minhas cicatrizes do peito e da barriga. Através delas eu ganhei uma nova oportunidade. Elas são a marca de um virar de pagina, de um recomeço de mim comigo mesma.
Minha família, meus amigos, os médicos, enfermeiros, tanta gente eu queria agradecer...
Nunca vai ser o bastante, por mais q eu agradeça.
Tantos sofreram tanto por conta disso tudo... minha mãe, irmã, marido, sobrinha, prima, primos, tios, amigos...
Qta lembrança de lágrimas ainda terei q enxugar. Ah sim, isso ainda terei q fazer por essas pessoas q me querem tão bem e q fiz sofrer.
Mas... não vou e não posso ficar me lamuriando e torturando pelos meus erros. Tenho q olhar e focar pra frente. Fazer o q posso fazer, o melhor q eu puder.
E assim vou seguindo, passo a passo, dia a dia, desde todo esse relato do hospital.
É claro q há muito q passei q ainda pretendo contar.
Mas há tempo, hei de ter esse tempo. Deus me concedeu isso e serei eternamente grata.
Decifrar o objetivo é a minha meta.
Assim re-re-reinicio esse blog c uma nova roupagem, com uma nova vida.
Coisas da vida... q nem sempre são para ser entendidas, mas para serem vividas.
Seja sempre muito bem-vindo!

Em casa

quarta, 01 de junho às 20:18
Estou em casa e tudo parece estranho.
Ficar confinada num mundo fechado, sem ver sol, nem chuva, nem noite, durante 18 dias faz a gente sair um pouco do eixo.
É natural, além de tudo o q se passou. 
Estou bem... e é bom estar de volta ao meu lar e, principalmente, à vida!

Relatos no hospital - 15

terça, 31 de maio, às 8:43
17 dias cravados... tomando café reforçado...
Esperança de q o curativo esteja evoluindo... 
Bom dia pra vc tb!

terça, 31 de maio, às 21:49
A grandiosa novidade do final desse dia: MÉDICO ME DEU ALTA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 
Amanhã estou de volta pra minha casa, pra minha nova vida!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

terça, 31 de maio, às 22:05
O agradecimento de honra ao meu médico, o cirurgião plástico José Mario Camelo Nunes q, com sua competência, me devolveu a esperança e a solução de um problema tão sério. 
Há muito ainda a ser caminhado, mas o impulso q esse ser me proporcionou foi brutal! 
Peço a Deus q ilumine o seu trabalho e a sua vida!

Relatos no hospital - 14

segunda, 30 de maio, às 9:40
Acordei c preguiça, mas a enfermeira chefe, ja tratou de fazer c q eu levantasse, tomasse o café e começasse meu dia!
Pra frente e adiante! 
Bom dia pra vc tb! 

segunda, 30 de maio, às 11:01
Dia de lavar os cabelos: me embalam no filme plastico, depois me ensacam, vedam tudo c micrpore e aí é só mordomia, c direito a massagem e a secagem... hehehe 

segunda, 30 de maio, às 11:24
Andrea Peneira... prazer... euzinha c mais 1 furinho...

segunda, 30 de maio, às 16:06
Novidade do dia: foram retirados os pontos... ui... e não vou tomar mais remedio via veia... ufa... meus braços inchados e doloridos de tantas picadas e veias estouradas agradecem...

segunda, 30 de maio, às 16:26
Possibilidades: talvez eu vá pra casa antes... tipo amanhã, depois...
Vamos aguardar as evoluções. 
E q venham, as evoluções!!!!!!!

Relatos no hospital - 13

domingo, 29 de maio, às 9:56
Cultive bons pensamentos como satisfação, compaixão, sabedoria, arrependimento e gratidão, pois estes são as riquezas da vida. - Palavras do Venerável Mestre Hsing Yün

domingo, 29 de maio, às 9:59
Café da manhã reforçado c pão de assaí c granola, iogurte e suco de abacaxi.
Domingo c cara de domingo em um quarto de hospital... mas um domingo tb c cara de mais um dia de oportunidade de um novo dia! 
Bom dia pra vc tb! 

domingo, 29 de maio, às 10:55
remédio na veia é f@#$%...

domingo, 29 de maio, às 14:31
Noticia oficial: sairei daqui sóóóó na semana q vem, no final!
Médico acha melhor eu permanecer com o monitoramento e cuidados daqui e sair bem.
Ok, dotô, a gente encara!  
Mas ele disse q está tudo satisfatório, q estamos indo bem! E essa é a melhor parte!!!!!!!! 

domingo, 29 de maio, às 14:37
Estou no andar de pós cirurgia e o tempo todo passa aquele carrinho/maca transportando pacientes indo e vindo. Estou perto da recepção e da sala de 'estar', agora q mudei de quarto, e a movimentação e 'falação' é grande tb, mesmo de madrugada. Achei q hospital fosse mais silencioso. 

domingo, 29 de maio, às 14:40
Eu estava assustada, qdo mudei de quarto, q iria mudar 'minhas' enfermeiras, tão atenciosas e delicadas. Daí teve o gordinho, q quase confirmou minha teoria de q mulher é mais delicada e 'mão leve'. Só q o Ricardo, 'mãos de fada', me pinicou na veia colocando o acesso, q nem senti... ufa! fiquei nervosa a toa. Mais um furinho no meu braço e taca Hirudoid no outro q dói e dói... 

domingo, 29 de maio, às 21:13
Recebi visitinhas novamente. Ontem veio a minha irmãzinha queridinha, minha Paty linda, Neilor e mãe. Depois os meus primos: Claudio, Jussara e Duda. Hoje vieram a Le, c suas menininhas gostosinhas (Luiza estava quieta - acho q tava assustada c hospital), Renato e minha mãe. Daí chegou o Gerson c sua mãe. Muito bom, pq 'sai' um pouco da rotina, distrai... o tempo passa diferente
Obrigada, gente, pela FORÇA!

domingo, 29 de maio, às 22:21
Enfermeira chefe nova veio aqui conhecer a minha história...
Minha história esta tão exposta...
Importante se ela servir para alertar, ajudar, incentivar alguém. 
De tudo temos q tirar lições, ouvir os recados q a vida quer dar e aproveitá-los todos! 

domingo, 29 de maio, às 22:33
Estou recebendo medicação e vou ficar acordada até q ela termine, aí irei me deitar. Assim durmo melhor a noite... afinal amanhã é segunda... dia de 'branco'... (branco, medico, enfermeira, camisola... - ah... vc entendeu a piadinha...) ha ha ha